As receitas aqui em questão não se tratam exclusivamente daquelas relacionadas a produção de alimentos, mas sim a qualquer tipo “modelo” de procedimento que possua um resultado “objetivo” e que possa ser transmitido, como receita para mal olhado, por exemplo. O grupo entende assim que a captura de receitas no espaço público urbano, age como um dispositivo de alteridade capaz de gerar e transmitir uma série de “histórias” que estão além da união de determinados ingredientes. Mas a imagem coletiva de receitas quase sempre está ligada a comida, e nesse sentido representa um rico elemento simbólico que traz uma série de outras relações ligadas a esta intervenção como um todo: a captura de índices de costumes de um povo, de uma época, de um local, enfim, um recorte na cultura.
E assim, nessa aproximação intensiva com pessoas e suas histórias que se encontram num espaço fronteiriço entre o real e a ficção, os artistas do grupo imergem em universos particulares através da apreensão de “ficções”, de relatos, histórias e receitas. Uma forma de investigar, nesse local de enfretamento, de contato entre diferentes identidades e da ação corriqueira, como estabelecemos relações pessoais e como a experiência artística emerge potencialmente desses encontros.
Receitas
foi realizado como ação artística por três vezes em espaços urbanos da cidade
de São Paulo, durante o ano de 2012. Ainda em 2012 o projeto também participou
do evento Corpo Cidade 3 – Cidade&Cultura realizado em Salvador; do ciclo
de atividades sobre investigação da prática artística coletiva da Intermeios –
Casa de Arte e Livros e do evento da UNESP Arte-Pesquisa Inter-Relações ambos
em São Paulo. Em 2013 a ação foi realizada na Cidade de Santo André
participando do evento Encontro de Arte Coletiva do ABC e novamente na Cidade
de São Paulo dentro do projeto Viva o Centro.
